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sábado, 8 de dezembro de 2012

Amor por Relógios


 "Amor" por  Relógios

 

 

Aqui na cidade de Salvador era um caso sério, tinha muitos amantes de relógios, essa peça preciosa deixou de ser uma ferramenta para o cotidiano para ser parte do vestuário.

Só que esse amor podia ser muito perigoso, pois os que "amam" demais os relógios alheios não se controlavam, passando a fazer diversas falsetas em prol do "amor" pelo alheio.

O dia que eu percebi o amor incontido por esse contador de horas, foi quando era adolescente, fui pegar uma paquera na escola e nos conduzimos ao coletivo, como naquela época a gente entrava pela frente e saía por trás, era uma beleza para esses apaixonados pelo "bobo", a gente estava logo no banco que ficava na frente da porta de saída, a "traseira" como dizem aqui,  foi quando uma mão escura passou como furacão, puxando o relógio de Adriele, ela se assustou e eu mais rápido ainda peguei o dito cujo pelo pulso, ele logo soltou a peça e saiu pulando igual a canguru, saltando do carro, foi um susto só, melhor para mim que ainda saí de herói e depois fica a cargo da sua imaginação a premiação.

Aqui no dia dois de julho é muito especial, o festejo é maior que Sete de Setembro, pois as pessoas comemoram a Independência da Bahia, que sacramentou a Independência do Brasil, é muita gente na rua, muita comemoração, mas os perseguidores de relógios ficavam mais espertos, até agressivos, Wilton meu amigo que o diga, saiu com o seu relógio que só faltava falar e gritar por socorro, quando um cara de quase dois metros deu um soco em seu rosto que só faltou jogá-lo ao chão, eu me preparei para a briga, mas o cara se mandou e meu amigo ficou com o rosto inchado igual a um limão, coitado, ele passou dias se lamentando e sonhando com uma carreta passando encima do bandido.

Como quem tem, tem medo, eu tomava bastante cuidado ao sair com meu Cássio com secretária eletrônica, pois quando ia para a guerra era um Deus nos acuda!

Tentaram várias vezes me roubar, era gente passando correndo e tentando puxá-lo do meu pulso, gente fingindo estar aramado para roubar o favorito, saía até na mão, mas não abria mão do precioso.

Até que um dia caí na maior armadilha, do namorado deslumbrado, aquele que presta atenção no amor e esquece-se do resto; ao sair do cinema um incauto segurou no meu ombro e me cumprimentou, ao olhar para trás ele puxou o relógio e saiu correndo, eu desci atrás dele correndo pela Carlos Gomes, e depois entrei numa ladeira, mas como o lugar era escorregadio e eu estava de sapato, escorreguei e vi o meu "garoto" ir embora...

Fiquei muito chateado e passei um tempo para esquecer, até comprar outro igualzinho, mas os "amantes" cresceram na sua sanha e a perseguição começou, até que novamente cair na estória do namorado apaixonado, eu já sabia disso, sofri na pele, mas não imaginava a ginástica que aquele cara ia fazer para roubar o meu  "novinho", ele entrou no ônibus, passou por baixo da catraca, - nessa época, já entrávamos por trás –viu o meu relógio, saiu do mesmo veículo, entrou de novo no carro, aproximou-se da catraca onde eu estava após o cobrador, "bafou" o meu novinho e desceu por trás, eu fiquei sem ação, sendo assaltado dentro do ônibus, naquela época era um absurdo, ninguém roubava dentro de coletivo, era o lugar mais seguro do mundo, não era como hoje, que tem um ladrão em cada esquina e em cada ponto.

Sei que depois dessa procurei rapidinho o meu sossego, comprando um relógio de um real, saindo na maior tranquilidade.

Essa tranqüilidade perdurou, porque ninguém queria  relógio, a moda agora é celular, uma nova história de amor.

 

 

 

Marcelo de Oliveira Souza

 

 

 


Marcelo de Oliveira Souza  site: http://marceloescritor2.blogspot.com 

Filiado à UBE – ACLAC – CAPPAZ – Poetas del Mundo

 

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