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sexta-feira, 28 de julho de 2017

Ilusões




Ilusões


Num mundo de
Ilusões
Arvoramo-nos
Com paixões
Sonhamos
Com belas canções
Sofremos
Com enganações
Grito, choro, erramos...
- Lá vem com sermões!

Crescemos, a vida segue,
Jogados na “cova
dos leões...”
Nunca é fácil confiar
Muitos, charlatões
A vida num minuto
Outras ilusões...
Tudo é para agora
Mais confusões.

Olhamos para trás
Quantas inquietações!
Mas teve alegrias
A vida ensina
Nos  dá lições.
Medo, insegurança...
Egoísmo desde criança
A vida nos dá esperança
Nem tudo é ruim
Lascerações...

Aprendendo
Com as decepções,
Estendendo a mão
Entendendo a vida
Então...
Veremos o que importa
É unir ...
Nossos corações!


Marcelo de Oliveira Souza,iwa





sexta-feira, 21 de julho de 2017

Rapunzel do Sertão


  Rapunzel do Sertão


Numa região rural, ao nordeste da Bahia, tinha uma garota que se destacava perante todas as outras famílias, que tinham como rotina, a subsistência na agricultura, plantando e colhendo feijão.
As famílias sempre tinham uma renda baixa, contudo muita força de vontade, pois todos participavam alegremente dos serviços de plantio na maior boa vontade, onde era uma constante a amizade e união entre todos, sem falar na inocência que caracteriza todos que habitam o agreste.
Nesse quadro, Mariana e sua família mantinham o seu cotidiano, em que aqueles lindos olhinhos negros eram a janela para uma mente cheia de força de vontade e de informação.
Certo dia, ao dirigir-se para a sede da cidade de Araci, a fim de vender o produto do seu suor e desprendimento, Rivaldo, pai da nossa personagem, deparou-se com um livro chamado: A história de Rapunzel, cuja capa existia uma linda princesa com longos cabelos dourados numa das torres de um enorme castelo, o que realmente encantou a nossa garota, que pediu ao seu pai um exemplar do livro, pois a atraiu de pronto!
Como ela não sabia ler, teve que pedir ao seu pai que não era bom na arte de decifrar aquelas letras, contudo sempre ao meio dia, após o almoço, Reinaldo dava um jeito de concatenar as palavras e produzia um bom resultado.
Assim Mari, como era carinhosamente chamada, atentamente ouvia a leitura do seu genitor, participando de cada uma “cena” emocionante e tentava gravar cada parte para passar adiante, fingindo uma leitura, que realmente era o sonho dela. As rodas iam se formando em um manto de admiração, pois uma garota tão pequena lendo um livro! Era realmente de espantar a todos naquele quase inóspito lugarejo, onde todos chamam vulgarmente de “roça”.
A garota percebeu que o mundo da leitura é a verdadeira porta para a informação, diversão e sabedoria, por isso o seu grande desejo realmente era aprender a ler aquele livro tão bonito e encantador, para de fato passar para as outras pessoas, o que repentinamente apareceu a sua chance, pois a prefeitura tinha acabado de designar uma professora para alfabetizar as pessoas do lugarejo, lá na casa de farinha, onde as pessoas processavam a mandioca.
Com isso, a nossa garotinha conseguiu “decolar” no seu sonho e ao alfabetizar-se, prosseguiu nos estudos, mesmo com uma defasagem diante dos colegas, sempre se destacava, até no colégio daquela cidadezinha - cujo lugar parece tão grande para quem vem dos distritos - em que ela tinha que ir de carona numa carroça com um único morador que fazia o transporte de todos, rotineiramente.
Hoje, a professora Mariana, trabalha em sua sala de aula com crianças “sedentas” de informação igualzinho a ela, e sua amiga de tranças de mel, trancada na torre do castelo, “puxa” os alunos da nossa grande personagem, para o mundo mágico da leitura e do conhecimento ao ler aquele mesmo livro, mas a fama da garotinha esforçada, que lutou para não ficar sem instrução ante as outras com maiores oportunidades, deixou um feito, digno da estória infantil. Suas tranças negras ficaram na imagem de todos os lavradores, que sempre ao vê-la dizem: - Olhe a Rapunzel do Sertão!



Marcelo de Oliveira Souza,iwa

Do livro do Autor Conto & Reconto
Editora Celeiro de Escritores




















sexta-feira, 14 de julho de 2017

Cadê Ione?


Cadê Ione? 

Hoje em dia é muito difícil educar uma criança, visto que a nossa sociedade se transformou e a fronteira entre o tradicional e o démodé virou a mesma face da moeda, cujo lado contrário virou a permissividade. 
Outro detalhe muito importante é quando o casal se separa, a criança entra em parafuso, muitas vezes não é por causa da separação, mas porque os pais que entraram em paranóia primeiro. 
Foi assim mesmo, o caso de Rosângela, uma morena que mora lá no são Caetano, ela tinha acabado de se casar com Rodrigão, um homem grosseiro que veio do sertão. 
Não demorou muito, ele arranjou logo um jeito de engravidar a moça, para ver se coloca as rédeas, segundo o infeliz. 
Depois de nove meses já se viu o resultado, um grito estrondoso, com o pulmão a toda força, estreou Ione, uma moreninha sapeca. 
O tempo foi passando e o nosso amigo aprontando, para cima da sofredora esposa, deu para tomar umas cervejas depois do trabalho de vigia na Ceasa, que só voltava lá pra a madrugada. 
A mulher que trabalhava à noite num supermercado, não tinha tempo nem de se coçar, você sabe como é caixa de um lugar desses... 
O melhor jeito que ela arranjou foi tratar logo de batizar essa garota, entregando esse “presente” para a sua irmã Rita e seu esposo Osvaldo. 
Assim a moça foi mais despreocupada para o trabalho, cumprir a sua sentença no caixa de supermercado, e o esposo que não trabalhava mais por causa do alcoolismo ficava o dia inteiro no bar e à noite se jogava na cama para dormir. 
Lá pelas onze horas quando a sofredora chegava, ainda o homem procurava confusão, com ciúmes, dizendo que a moça estava se vendendo na rua, futucava a bolsa da coitada perguntando sobre o dinheiro. 
Sei que o casamento ruiu diante de tanto desencontro e humilhação, nesse quadro, Ione já estava” maiorzinha”, com onze anos de idade. 
A salvação dela era que a menina estava em ótimas mãos, mas o que é bom dura pouco, a menina conseguiu passar no “ventibulinho” do colégio da Polícia Militar, público e conceituado, mas é longe de casa. 
Poe isso, ia de van para a instituição e quando voltava ficava na casa da avó que morava na mesma rua e nos finais de semana ela ia para a residência dos padrinhos, de lá, passeavam para tudo quanto é lugar, era uma festa. 
Lá no colégio a garota vez muitas amizades, só que as coleguinhas eram bem avançadinhas, já se pintavam, se achando mocinhas, ia para o shopping aos sábados, formado uma daquelas tradicionais tribos que a gente vê tanto nesses lugares de Salvador. 
A transformação era a olhos vistos, quem percebia mais era a madrinha, até o cabelo a garota queria modificar, não aceitava mais trancinhas, queria se vestir como adolescente ou até adulta.
A insatisfação era total, a mãe preocupada com a transformação da guria, enchia-a de presentes, se “embolava” no cartão de crédito e comprava tudo, deu até o famigerado computador+internet que nessa soma resulta no Facebronca! 
A menina fez um perfil com outro nome e ficava paquerando todo mundo que achava bonitinho, eram longas horas sentada na “segurança” do seu minúsculo quartinho. 
A mãe satisfeita que a menina parou em casa, a madrinha mais descansada, porque a criança diminuiu as suas idas na sua residência, mas a avó ficava desconfiada com tanta risadinha advinda do quartinho do barraco. 
No aniversário de doze anos da garota, ela ganhou um celular, um grande aliado da perdição juvenil, claro que a menina adorou. 
A nossa amiga “caixa” toda satisfeita ainda vociferou para a mãe: 
- Agora parece que as coisas estão indo para o lugar! Eu já estou namorando a minha filha se comportando e tudo se endireitando... 
O namorado chamava-se Hélio, mora ali mesmo na viela dela, viu os atributos da mulher e resolveu conferir o “caixa”. 
Não é que algum tempo depois ele já estava indo dormir lá no “moquifo” da nossa amiga? 
O pior que o beberrão do ex-marido, o ex-vigia não gostou e foi lá tirar satisfação, o caldo engrossou, o pau comeu no barraco, se engalfinharam, saíram rolando a ribanceira, foram parar lá embaixo perto da pista, só não terminaram na rua porque tinha uma cerca de arame farpado que segurou os dois num grande abraço de urso. 
Depois do incidente, Rosângela conversou com o seu ex-marido e ameaçou levá-lo à delegacia. 
O homem sumiu, agora quem “mandava” era Hélio, que não dormiu no ponto, tratou logo de engravidar a sofredora. 
A bagaceira estava perfeita, uma adolescente problemática, a mãe com a corda no pescoço, cheia de dívidas e de preocupações, o tal do homem com nome de gás nobre, não tinha nenhuma nobreza, pelo contrário, fazia bico como motorista lá na Cesta do Povo. 
Ione não estava mais se concentrando na escola, só queria saber de encontrar os amigos do Facebronca e para piorar a madrinha engravidou e não tinha mais tempo de ficar saindo com a menina, que se queixava à mãe de não poder sair mais, não passeava, não ia para canto nenhum, era só no celular e na internet. 
A avó dizia aquela célere frase: 
- O que tanto essa menina faz no computador? 
Mas não havia nenhuma resposta. 
As notas delas ruíram, a menina saiu do Colégio Militar, foi para uma escolinha particular de bairro, ia estudar, mas não entrava na instituição, ela saía para namorar os amigos da net. 
A mãe chegava tarde, a avó se queixava do comportamento da neta, o “namorado” queria atenção, a filha se trancava no quarto batendo a porta com a maior força, não abria a porta nem por um decreto e amanhecia... 
A triste rotina seguia, Ione deu até para sair escondido, no meio da noite, ninguém sabe pra onde. 
Certo dia, quando a nossa sofredora personagem chegou, ela viu o quarto da menina aberto e achando estranho perguntou: 
- Cadê Ione? 
O namorado dela não sabia responder, dizia que podia estar na casa da avó. 
Imediatamente a coitada arrastou seu corpo até a casa da mãe e foi lá perguntar pela filha. 
Só que a casa esta trancada e a idosa que não ouvia muito bem já estava no terceiro sonho. 
A mulher começou a gritar pela filha, acordou a rua todinha, depois de muito escândalo a vovó Zilda acordou. 
E a filha em prantos perguntou: 
- Cadê Ione, mãe? 
A avó da menina responde: 
- Ué, está dormindo na sua casa! 
Foi aí que a confusão aumentou, todo mundo assustado pela ausência da menina resolveu sair em meio à madrugada, naquele lugar perigoso. 
Hélio pegou seu Chevette e saiu para os lugares mais distantes, Rosângela mesmo grávida, juntou-se com uns vizinhos e foi procurar a menina em cada beco da favela. 
A irmã grávida foi para a delegacia dar uma queixa, o padrinho foi ao hospital. 
Ninguém conseguiu localizar Ione, apesar da polícia também procurar, a menina parece que sumiu no ar, e a pergunta fica sempre no juízo da sua genitora, que foi promovida de caixa a coordenadora: 
- Cadê Ione? 


Marcelo de Oliveira Souza,IWA

sexta-feira, 7 de julho de 2017

A Cidade dos Espertalhões!






A Cidade dos Espertalhões 



Salvador é uma cidade conhecida também pelas invasões, a nossa topografia facilita muito a criação de favelas, ainda nos dias de hoje. 
Mesmo com o risco da chuva levar tudo, as pessoas continuam “tomando” as áreas públicas e privadas à procura da sua moradia definitiva. 
Como as pessoas na nossa terra são acomodadas e pensam que o bem comum não é de ninguém, foi instituída na nossa cultura que o espaço público ou até um espaço vazio não pertence a ninguém e como em uma cidade do nosso tamanho é quase impossível fiscalizar sem denúncia, as pessoas se aproveitam para invadir o que é de todos, até mesmo terrenos em prédios e conjuntos residências isso acontece. 
Mas também existe outro tipo de invasão justamente embaixo do nariz do transeunte, a invasão das calçadas, ao invés de serem lugar de passagem de pessoas, o local vira espaço de vendas de ambulantes de todos os tipos. 
No centro da cidade a prática existe menos, contudo é fiscalizada, porém, nos bairros essa prática acontece rotineiramente, onde as pessoas têm que sair da calçada para dividir os espaços com carros. 
Na Boa Vista de Brotas, esse tipo de prática está tornando-se normal, já foi comentado várias vezes sobre a Rua Professor Aristides de Carvalho Filho, sobre a prática de oficinas de beira de rua que toma a calçada e não existe ninguém na face da terra que possa dar um jeito naquela “ferida” . 
Sobre o falecido Parque Solar Boa Vista, acontece todo tipo de irregularidade e essa já tornou-se normal, contudo essa prática vez se avolumando, agora é na Rua Boa Vista, caminho do Engenho Velho de Brotas, onde tem um senhor da barriga avantajada que duas vezes por semana toma o espaço perto da Secretaria da Prefeitura e faz do lugar o seu próprio mercadinho; logo do outro lado da rua tem uma novo bar chamado Bakkanas que se apodera da calçada, cobre e coloca as mesas na calçada, tomando o espaço para as pessoas passarem, se alguém passa na calçada, quando ela está cheia de clientes, os próprios frequentadores ficam procurando confusão, como se ali fosse uma área particular, quando chove então a situação piora, pois o guarda-chuva de quem passa na calçada termina molhando os clientes da calçada, isso não é nada “Bakkana” gerando confusão. 
Até onde iremos aceitar a falta de gerenciamento dos espaços públicos na nossa cidade? 
Temos certeza que não é isso que o nosso novo prefeito ACMN quer para os moradores dessa bela cidade tomada por incautos e espertalhões. 


Marcelo de Oliveira Souza,iwa