Mosquitão
Num desses subúrbios de Salvador, existe uma família
muito especial, lá na Rua dos Prazeres, numa casinha verde e amarela, D. Silvia
vivia com duas filhas - Brenda
e Carla - em
plena adolescência ela precisava muito trabalhar, pois o seu esposo . Cláudio, teve um grave
problema de saúde por causa do grande vilão de hoje em dia, o Aedes Aegypti, estando internado com dengue hemorrágica.
Justamente ela, que trabalha como agente de saúde, teve gente de dentro do seio da sua família infectado com essa doença.
Mas o grande malfeitor dessa história não foi nem esse
inseto asqueroso, foi o seu vizinho Mário, que teima em deixar água
empoçada nos vasos de planta, ele e sua família costumam dizer que isso é
propaganda do governo para vender remédio, mesmo com sua irmã Dulce acamada com
a tal da Zica dos infernos!
Aquela rua dos Prazeres já estava se transformando na rua do Aedes, enquanto uns tratavam o seu terreno
adequadamente, tinham outros que seguiam a cartilha de Mário, inventavam um monte de desculpa para jogar lixo pela janela,
a gente só via garrafinhas pet, tampinhas, copinhos de sorvete, tudo que não
podia, sair pelas suas respectivas janelas, ganhando o mundo.
Maria e Chupeta
eram as duas filhas de Mário,
elas engrossavam a fila da falta de
educação, como filho de peixe, peixinho é...
Só que na escola
que eles estudavam, já estava fazendo campanha há muito tempo sobre essa
problemática, a professora de ciências deles, Márcia fez um projeto muito
legal e trouxe um monte de depoimento de pessoas que pegaram Zica, Chickngunya, Dengue e até trouxe uma
criancinha com microcefalia, juntando a
comunidade local para assistir tudo.
A nossa amiga agente de saúde deu um depoimento
emocionante, falando da dificuldade de trabalhar com esses vizinhos que veem na
Tv, que não pode jogar lixo pela janela, que deve-se cuidar do seu terreno, tirar água
dos vasos, mas nem por isso eles fazem, disse que tem gente que pegou dengue três vezes, mas continua a deixar água
empoçada, ainda por cima não deixa nenhum agente de saúde entrar em sua
residência, fazendo pois, tudo errado.
Sua filha Brenda, que também estuda nessa escola, disse que seus
colegas pensam da mesma forma e é muito difícil fazer a conscientização, porque
no Brasil quem faz o certo é taxado como abestalhado, ou até de maluco.
A professora Márcia intercedeu e dizendo que não podemos
deixar esse tipo de desânimo aplacar o desejo de reagir diante dessa epidemia.
Mário estava
lá e foi logo levado à berlinda, sendo perguntado por que ele fazia tudo
errado, pondo em perigo toda a saúde da comunidade, ele desconversou, dizendo
que eram as meninas que faziam isso, Maria
e Chupeta logo reagiram e ainda disseram que ele deveria ter vergonha que esse
ato deplorável era exemplo dele e aí a confusão se instalou, precisou a diretora da escola interferir,
Diante de tantas imagens tristes: hospitais superlotados,
criancinhas com microcefalia, frascos de insetos gigantes zunindo,
até as pernas começaram a coçar.
As acusações mútuas se sucederam até que Carla, que não era de falar muito deu
um grito:
- Cala a Boca mosquitão!
A baderna voltou, Mário saiu de mansinho, mas o apelido
pegou e quando ele ia jogar algo pela janela tinha um zunindo, zunindo..
Ele já dormia pensando
nesses mosquitos, era cada mosquitão maior do que o outro, chegava até
sonhar que estava deitado, abraçado com
um desses monstros...
Até que ele se
tocou e terminou se consertando, até mesmo ajudando os vizinhos a cuidar de
seus próprios terrenos, criando até um pomar num lugar onde só havia lixo e
chorume, sendo um grande exemplo para todos os moradores daqui dessa cidade e de
outras também, porque não basta união e esclarecimento, basta ter força de
vontade e acreditar que juntos podemos melhorar.
Som
Marcelo de Oliveira Souza,IWA
Escritor e Organizador do Conc Lit Poesias sem Fronteiras
Site do Concurso de poesias: www.poesiassemfronteiras.no.comunidades.net
Face: psfronteiras
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