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sábado, 17 de abril de 2010

QUEM VÊ CARA NÃO VÊ AIDS

QUEM VÊ CARA NÃO VÊ AIDS



Maurílio era um garoto típico de classe média, filho de um casal zeloso pelo seu filho e atento a todas as suas dificuldades, justamente pelo motivo dele ser o único filho.
Morava em uma casa bastante grande onde tinha até uma pequena piscina e um quarto só seu, com tudo que um garoto podia querer.
Logo quando chegou, fez amizade com uma garota sardenta e de cabelos ruivos, chamada Priscila, que era sua vizinha, filha de pais separados, sentia a mesma solidão do nosso amigo, por isso ambos sempre se entendiam bem.
O tempo foi passando e Priscila foi crescendo e as brincadeiras não tinham mais sentido, principalmente por parte da garota, pois como todos sabem a garota sempre amadurece mais cedo, mesmo ela senso um ano mais nova que ele.
Priscila já se arrumava como uma mocinha, aos quatorze anos, já conversava com outras garotas senão da mesma idade, mais velha que ela.
Enquanto isso nosso rejeitado amigo, já aos quinze anos, tornou-se um rapaz muito solitário e triste, sempre acompanhando sua grande amiga, que futuramente ele descobriu-se apaixonado por ela, mas como o vinculo era quase familiar, a barreira era impossível de ser ultrapassada, até confidências sobre namoradinho Priscila resolveu dizer, como estivesse querendo castiga-lo pelo interesse por ela.
Durante as festas da padroeira da cidade, Priscila aflorou para o amor definitivamente, era a garota mais paquerada da rua, sempre um carro aparecendo para traze-la de volta, ainda ficava lá dentro fazendo tudo que a imaginação permitia conceber dentro daquele veículo.
Era só um ruído de carro aparecer perante a casa dela que Maurílio ficava na vigília, numa tortura atroz, aquilo o matava, não adiantava nem ele tentar disfarçar aquele explosivo amor que batia em seu peito juvenil, pois as garotas apareciam na vida dele de vez em quando mas a sua tristeza d’alma contagiava e transpirava pelos seus poros.
O que fazer quando nós nos apaixonamos por uma pessoa loucamente e essa garota não nos nota, e além de tudo ela é sua vizinha, que foi criada praticamente junto a você?
Nesse dilema, o tempo foi passando e Priscila foi fazendo um grande rodízio, à frente de sua casa só faltava ter parquímetro, pois assim ajudava o “Fome Zero” com o lucro.
Sua mãe não agüentava mais aquela vida, porque sua filha não a respeitava de forma nenhuma, já tinha transformado o quarto dela em um pequeno Motelzinho, onde recebia os seus amantes. O interessante era o quanto mais ela amadurecia ficava mais linda e desejada, o que dava entender que sua beleza ia se eternizar pelo tempo.
Um dia desses quando ela chegara da festa com um dos paqueras, houve um desentendimento não sei o porquê, mas pareceu que era algo sério que até palavrões saíram daquela boquinha linda, proferindo ofensas ao parceiro.
Só que esse homem era policial e não estava para brincadeira, pois ele percebeu que todos os homens que passavam por ela eram mera marionetes, e ele não estava a fim disso, ameaçando-a de morte se resolvesse descarta-lo.
O medo foi tão grande que ela resolveu mudar de casa morando logo na casa de Maurílio, como era de um tamanho razoável, dava para esconde-la um certo tempo se ela não pusesse mais o rosto para fora da residência.
Durante um certo tempo foi assim, o que serviu para Maurílio tentar aborda-la e conseguir a sua tão sonhada noite de amor.
Um dia, em que seus pais estavam na casa de praia, Maurílio se declarou falando tudo o que passara longe dos braços dela, que sempre a amara, o que surpreendeu Priscila totalmente, pois ela nunca imaginara esta situação insólita.
Não demorou muito, eles já estavam na cama onde Maurílio provara de todas as delícias que ela proporcionara aos seus inúmeros namorados.
No outro dia foi a coisa mais romântica do mundo, ele aparecera com um grande cardápio de café da manhã, inclusive todas as cartas de amor que escrevera para ela sem ter coragem de entregar.
Quando ele voltou da faculdade pela noite não encontrou ninguém em casa ela tinha deixado um recado dizendo que tinha que procurar a polícia e não podia continuar mais se escondendo, para assim poder desfilar com o verdadeiro amor da sua vida. Foi aí que ela nunca mais voltou, somente aparecendo na coluna do obituário do jornal, onde tinha sido atropelada por um carro desconhecido.
Depois de muito tempo nosso amigo resolveu se isolar do mundo, indo morar na casa de praia dos pais.
Mas não demorou muito, começou aparecer um monte de doenças, mal curava uma já aparecia outra, as manchas na pele eram uma freqüência. Houve um dia que teve que se internar, pois o seu caso era periclitante, sendo diagnosticado AIDS, o que não demorou muito e faleceu...
Seus pais estavam inconsoláveis, mas tinham que se conformar pois a vida tem que ser bem cuidada e às vezes um simples escorregão nos deixa beirando o caixão.
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Uma campanha em prol da SAÚDE!
Do Livro de versos e textos: Romaria p.54/55 2007
Fundação Luiz Ademir


Marcelo de Oliveira Souza

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