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sábado, 26 de fevereiro de 2022

Carnaval!




Carnaval


A alegria chegou

O trio elétrico passou

A multidão também,

Alguém ficou

Caído no chão!

Uma arma de encontrão

Furou o pulmão

Todos gritando

Indo atrás da atração.

Gente de montão

Felicidade de milhão!

Em todo lugar uma transmissão!

Em outros lugares empurrão...

Ali no cantinho um chupão

Mais à frente cervejão!

O malhado valentão

Terminou na prisão,

Levou um cachação!...

Todo mundo vira multidão

Camarotes do barão

Folia bem diferente, não?

Mas também tem o folião

Dos blocos e do arrastão...

Nas cinzas ainda não basta, não!

A tristeza do cordão

Que virou cordeiro,

Trabalhou e dançou

Mas acabou sem dinheiro na mão!

Mais triste ainda quem gastou...

E nem  chegou a brilhar

Mas terminou a quarta feira

Beirando o caixão!

Esperando a reencarnação

Para voltar à folia

Com toda energia

Ver tudo recomeçar!



Marcelo de Oliveira Souza ,IwA

Do Blog: http://marceloescritor2.blogspot.com

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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Limite!




Limite

 

Dor adiante

Ainda constante

Uma força inatingível

Que às vezes atingimos

Fora da medida,

Numa dor desmedida.

 

O corpo humano

É máquina maravilhosa

Músculos saltam doravante!

Num exercício inconstante

Chegando ao limite...

      ... Para...

E se recompõe num instante!

 Marcelo de Oliveira Souza,IwA

instagram: marceloescritor


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

A Pomba que Gira!





A pomba que Gira


Num mundo atribulado, as pessoas muitas vezes esquecem de olhar para o seu lado espiritual, o principal que devíamos lembrar é que a religiosidade é muito importante não apenas para moldar o caráter do indivíduo, mas como uma forma de nos recolhermos à nossa própria essência.
Nossa amiga Gilma é uma garota muito alegre que reside em uma dessas cidades do interior brasileiro, muito castigada pela seca, filha de agricultores, nessa época de estiagem eles não têm muita coisa a fazer, os serviços sociais quase não chegam, serviços médicos então, é só uma vez por semana. Quanto sofrimento diante de toda essa falta de oportunidades que o sertanejo vive, onde a sua família muito religiosa sobrevive da aposentadoria do pai como agricultor e da mãe que ainda insiste no batente de querer plantar algum feijão ou milho, o que vier está bem vindo, desde que as bênçãos do nosso Pai caiam em forma de chuva.
Como em toda cidade, sempre no dia de domingo as pessoas se reúnem na igreja para comemorar, pedir, sonhar e tudo que o nosso senhor Jesus Cristo possa prover.
Natal, Ano Novo, Semana Santa então, todos dão inúmeras voltas na pracinha, ao “melodioso” som das matracas para lembrar dessa data de sofrimento, morte e ressurreição de Cristo.
Mas nossa personagem, não tinha lá essa religiosidade toda, ela fingia acompanhar as missas na igreja e ia acompanhar os amigos nos botecos que povoam essas inúmeras cidades de interior, principalmente as pequenas, que não possuem nenhuma diversão, e a “diversão” que esse povo encontra é bem gelada e loiríssima.
As noitadas eram intermináveis, carros paravam no fundo do quintal do casebre onde tinha uma imensa mangueira, e quando os pais dormiam, ela sumia no mundo, somente voltando lá pelas tantas da madrugada.
Os pais já haviam notado há muito tempo, mas eles não tinham mais controle, Seu Rivaldo já era sexagenário e nunca foi de zelar pela educação da sua filha, a mãe Dona Deraldina era quem mais ficava no “pé”, mas como a filha já completara os seus dezoito anos de idade, ficou praticamente incontrolável, pois quando a mãe a proibia de ir a determinados lugares, ela vinha justamente com aquele lengalenga de que já era maior de idade, era uma pessoa “formada” pois tinha tirado o seu segundo grau, mesmo em uma escola caicai, no turno da noite.
Sua irmã mais nova Gisele, apesar de sua pouca idade era muito mais ajuizada, e sempre comentava sobre o seu mau comportamento, suas mentiras, orgias e escapadas, mas era sempre hostilizada e ironizada, o que a repelia e para não ter tanta discussão ela recolhia-se ao seu canto e calava.
De um tempo em diante, Gilma começou a ter sonhos esquisitos, com muito sangue, cerveja, bacanais, violência e tudo do mesmo naipe, tendo como cicerone uma mulher vestida de vermelho.
Ela não contava a ninguém, mas os outros começavam a perceber, diante da mudança do seu comportamento sorumbático, ela somente mudava quando tinha uma farra, aí esquecia dos problemas ao vislumbrar uma cervejinha, ela mudava e caía na gandaia.
Todos os conselhos dos familiares caíam por terra, e por falar em terra, tinha um local chamado “Tanque da Nação” - um imenso terreno abandonado que a prefeitura cercou para armazenar água da chuva, as cercas caíram e ficou somente esse local ermo que todos temiam passar - onde o de pior sempre acontecia, foi o lugar que ela incorporou uma entidade e saiu agredindo todo mundo, a sua voz chegou até mudar, dizendo que tinha dominado aquele corpo e que ia aprontar bastante.
A confusão chegou aos ouvidos de sua genitora, pois o que é ruim chega rápido, igual a rastro de pólvora...
Deraldina chamou alguns vizinhos de confiança e a arrastou até em casa, para ver o que ia dar, começou a rezar e jogar água benta, mas quanto mais fazia isso a tal “pombagira” - é o nome que deram – começou a vociferar, a rosnar, dizendo que tudo isso aconteceu por causa da falta de fé da sua hospedeira, e ela ia destruir toda aquela família, começando por esse corpo.
E todos rezavam, pedindo para sair daquele instrumento de possessão, e a confusão aumentava, a “pomba” rosnava, e o tumulto se instalava, o pai foi acarinhar a “filha” e foi jogado a dois metros de distância, mas as pessoas insistiam na luta contra a “entidade”, que ao ouvir as orações se revoltava ainda mais, esmurrando aquele corpo, rasgando as suas vestes, dizendo não adiantar tanta reza, que ela estava ali para destruir a fé de Deraldina, e só não apareceu antes por esse motivo, pois a filha dela era uma fraca, não rezava antes de dormir, mentia dizendo que ia à igreja, indo farrear nos bares, um ótimo lugar para os espíritos desencarnados aparecerem e os espíritos enfraquecidos sucumbirem a todo esse apelo.
A luta continuava incessantemente, até amarrada ela foi, sua irmã jogava água benta, descia em todo seu corpo, até que diante de muita água, reza, fé, a “coisa” foi embora aparecendo a garota, toda arranhada, sentindo dores em seu corpo todo, perguntando por que todos estavam olhando assustados para ela, sendo logo envolta em um cobertor, pois estava semi-nua.
A rua toda estava a maior confusão, todos queriam ver a garota que incorporou a “pomba que gira” , mas aos poucos os curiosos foram para suas residências.
Nos outros dias, começaram uma novena para o padroeiro da cidade, a fim de que isso não aconteça novamente, mesmo com todo esse esforço a “coisa” ficava à espreita onde Gilma mais se divertia com seus amantes, justamente atrás da frondosa mangueira, ninguém via a entidade, somente a pobre garota, que assustada fingia não perceber, até que com o decorrer do tempo, ao finalizar a novena, as coisas foram melhorando, mas não adiantava a novena, se a própria pessoa também não quisesse melhorar o seu espírito.
Depois de todo aquele acontecido, ela começou a fazer uma avaliação de toda a sua trajetória de vida e resolveu mudar, deixando de mentir, de fazer tanta farra, sendo um ótimo começo.
A maioria das pessoas esquece de fazer suas orações, de praticar algum ato de bondade; como estamos em tempos difíceis, o egoísmo se instalou, a falta de amor ao próximo campeia, tudo é motivo para uma confusão generalizada, inda mais se o assunto é dinheiro.
O dinheiro é muito importante, mas como percebemos, casos desse tipo pode acontecer em qualquer família, muitas vezes nem é por causa da “pomba que gira” , mas da cabeça tortuosa que gira diante de todas essas fraquezas terrenas, que sem querer podemos sucumbir de uma hora para outra, por isso a meditação e a oração são muito importantes, porque nós não somos perfeitos, ainda mais num mundo como esse porém o poder da oração é mais forte do que imaginamos.
Sem fé em nosso criador, seremos semelhantes às mais baixas criaturas e tudo que essa “revoada de pombos” deseja é isso, o enfraquecimento espiritual.

Marcelo de Oliveira Souza,IwA
Do livro de Coletâneas FESTA SURPRESA, pp. 213
Via literária Editora ano 2009
Instagram: marceloescritor

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

O Parque Solar Boa Vista



Antes



Hoje




O Parque Solar Boa Vista!

 

No Parque Solar Vista

Tem a maior confusão,

Antiga casa de Castro Alves

Um grande Solar de alienação.

 

Nosso condoreirista

Morreria do Coração

Onde na sua jornada

Foi habitação.

 

Nos tempos aprazíveis

O bucolismo era sua razão

No meio das árvores

Fez-se habitação.

 

Tempos de outrora

Hoje é outra hora

O Parque virou túmulo

Que decepção!

 

O povo ri e chora

Com o desprezo de agora

Juliano Moreira sem casa

Do lado de fora.

 

Nessa magia sepulcral

Cabe mendigo, desvalido, marginal

Invasão de tudo quanto é jeito

Em meio ao matagal.

 

A gente clama e implora

No dia que um governante,

De dentro ou de fora

Feche essa ferida que vigora.

 

Todo mundo junto nessa corrente

A gente pensando para frente,

Até um dia, o Solar, volte a representar

Tudo de que era  antes, aqui é o nosso lugar!

 

Marcelo de Oliveira Souza,IwA

2x Dr. Honoris Causa em Literatura

Instagram: marceloescritor






segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

O Triste fim do Parque Solar Boa Vista



Triste fim do Parque Solar Boa Vista

Aqui em Salvador, a politica de preservação ambiental  é colocada de lado, a cultura é de depredação do meio ambiente, quanto aos espaços culturais a política não é diferente.
Imaginem um lugar centralizado,  bucólico, aprazível que abrigue um teatro e ainda seja um lugar histórico onde um escritor famoso como Castro Alves, tenha residido, como seria?
Certamente quem está lendo esse texto, vai  pensar maravilhas desse local, que no mínimo,  teria uma grande visitação, ou  preservação no que tange à cultura.
É justamente o contrário, o Parque Solar Boa Vista que fica no Engenho Velho de Brotas, Salvador BA, é um dos lugares mais desprezados pelos nossos gestores, que ficam no jogo de empurra entre prefeitura e estado, deixando o local ser destruído, por desocupados, lavadores de lava-jato, caminhoneiros e caçambeiros e tudo que você possa imaginar. Segmentos da imprensa já vieram diversas vezes, mas nada tem resolvido, ninguém socorre esse falecido parque, que agora está sendo invadido por pessoas que estão construindo barracas dentro do local.
A gente não tem mais a quem recorrer, pois esse problema vem se arrastando por diversas gestões municipais e estaduais.
Não sei por que tamanho desprezo pela cultura e natureza, no entanto o desprezo ainda é pior ao moradores que indignados protestam, denunciam, mas não têm nenhum resultado.


Marcelo de Oliveira Souza,IwA
2x Dr. Honoris Causa em Literatura
Do blog http://marceloescritor2.blogspot.com
Instagram: marceloescritor


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Rapunzel do Sertão!






Rapunzel do Sertão




Numa região rural, ao nordeste da Bahia, tinha uma garota que se destacava perante todas as outras famílias, que tinham como rotina, a subsistência na agricultura, plantando e colhendo feijão.
As famílias sempre tinham uma renda baixa, contudo muita força de vontade, pois todos participavam alegremente dos serviços de plantio na maior boa vontade, onde era uma constante a amizade e união entre todos, sem falar na inocência que caracteriza todos que habitam o agreste.
Nesse quadro, Mariana e sua família mantinham o seu cotidiano, em que aqueles lindos olhinhos negros eram a janela para uma mente cheia de força de vontade e de informação.
Certo dia, ao dirigir-se para a sede da cidade de Araci, a fim de vender o produto do seu suor e desprendimento, Rivaldo, pai da nossa personagem, deparou-se com um livro chamado: A história de Rapunzel, cuja capa existia uma linda princesa com longos cabelos dourados numa das torres de um enorme castelo, o que realmente encantou a nossa garota, que pediu ao seu pai um exemplar do livro, pois a atraiu de pronto!
Como ela não sabia ler, teve que pedir ao seu pai que não era bom na arte de decifrar aquelas letras, contudo sempre ao meio dia, após o almoço, Reinaldo dava um jeito de concatenar as palavras e produzia um bom resultado.
Assim Mari, como era carinhosamente chamada, atentamente ouvia a leitura do seu genitor, participando de cada uma “cena” emocionante e tentava gravar cada parte para passar adiante, fingindo uma leitura, que realmente era o sonho dela. As rodas iam se formando em um manto de admiração, pois uma garota tão pequena lendo um livro! Era realmente de espantar a todos naquele quase inóspito lugarejo, onde todos chamam vulgarmente de “roça”.
A garota percebeu que o mundo da leitura é a verdadeira porta para a informação, diversão e sabedoria, por isso o seu grande desejo realmente era aprender a ler aquele livro tão bonito e encantador, para de fato passar para as outras pessoas, o que repentinamente apareceu a sua chance, pois a prefeitura tinha acabado de designar uma professora para alfabetizar as pessoas do lugarejo, lá na casa de farinha, onde as pessoas processavam a mandioca.
Com isso, a nossa garotinha conseguiu “decolar” no seu sonho e ao alfabetizar-se, prosseguiu nos estudos, mesmo com uma defasagem diante dos colegas, sempre se destacava, até no colégio daquela cidadezinha - cujo lugar parece tão grande para quem vem dos distritos - em que ela tinha que ir de carona numa carroça com um único morador que fazia o transporte de todos, rotineiramente.
Hoje, a professora Mariana, trabalha em sua sala de aula com crianças “sedentas” de informação igualzinho a ela, e sua amiga de tranças de mel, trancada na torre do castelo, “puxa” os alunos da nossa grande personagem, para o mundo mágico da leitura e do conhecimento ao ler aquele mesmo livro, mas a fama da garotinha esforçada, que lutou para não ficar sem instrução ante as outras com maiores oportunidades, deixou um feito, digno da estória infantil. Suas tranças negras ficaram na imagem de todos os lavradores, que sempre ao vê-la dizem: - Olhe a Rapunzel do Sertão!





Marcelo de Oliveira Souza,iwa
Do livro Conto & Reconto                                                                                                                                       Do blog: http://marceloescritor2.blogspot.com                                                                                            instagram: marceloescritor